Guerra comercial à vista. China retalia e reforça restrições às exportações para os EUA

por Mariana Ribeiro Soares - RTP
Florence Lo - Reuters

A China anunciou esta semana que proibirá as exportações para os Estados Unidos de alguns componentes essenciais para o fabrico de semicondutores, aumentando as tensões comerciais entre as duas potências. A medida é uma retaliação de Pequim ao anúncio de Washington de novas restrições à exportação de chips para a China.

Pequim vai proibir as exportações para os Estados Unidos de metais como o gálio, germânio e antimónio e outros materiais de alta tecnologia que têm ampla aplicação militar.

Gálio e germânio são usados em semicondutores, enquanto o germânio também é usado em tecnologia infravermelha, cabos de fibra ótica e células solares. O antimônio é usado em balas e outras armas.

A ordem, que entra em vigor de imediato, também exige uma revisão mais rigorosa do uso final de itens de grafite enviados para os EUA. 

As restrições reforçam a aplicação dos limites já existentes sobre exportações de minerais que Pequim começou a implementar no ano passado, que se aplicam apenas ao mercado dos EUA.

O Ministério do Comércio da China citou preocupações com a “segurança nacional”, depois de os EUA terem anunciado, na segunda-feira, que iriam expandir a lista de empresas de tecnologia chinesas sujeitas a controlos de exportação, passando a incluir muitas que fabricam equipamentos usados para fabricar chips de computador, ferramentas de fabricação de chips e software.

As 140 empresas recentemente incluídas na lista norte-americana são quase todas sediadas na China e incluem a Piotech e SiCarrier, empresas chinesas de produção de chips. Esta é a terceira ronda de restrições de exportação impostas a Pequim pela Administração Biden em três anos de governação.

As autoridades do Departamento de Comércio dos EUA explicaram que o objetivo desta medida era retardar o desenvolvimento de ferramentas avançadas de Inteligência Artificial na China que podem ser usadas na guerra e prejudicar a indústria nacional de semicondutores, o que ameaça a segurança nacional dos EUA e dos seus aliados.

O Ministério chinês do Comércio da China criticou a medida, acusando os EUA de “abuso” e de representar “uma ameaça significativa” à estabilidade das cadeias industriais e de cadeias de abastecimento.

“Os EUA pregam uma coisa enquanto praticam outra, ampliando excessivamente o conceito de segurança nacional, abusando de medidas de controlo de exportação e envolvendo-se em ações unilaterais de intimidação. A China opõe-se firmemente a tais ações”, disse o ministério numa declaração na segunda-feira.

As novas medidas dos EUA e a retaliação chinesas fazem aumentar a ameaça de uma guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo, semanas antes da tomada de posse do presidente eleito norte-americano, Donald Trump.
Tópicos
PUB